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MORTE NEFELIN - 324.812

  Uma pena no ar indo de encontro ao incêndio que grassa no mundo. Acha mesmo que poderá sobreviver?

  Nathan parou na entrada do pequeno casebre de madeira e palha, o arrepio intenso dominando-o. Já sentira isso antes, mas n?o t?o forte como agora. Sentira algo parecido no ano anterior, quando o seu pai fora morto.

  Havia algo ali, em sua casa.

  Com cuidado olhou para dentro das sombras, no canto à direita, perto do fog?o.

  Viu os contornos de um homem sentado de frente para ele num pequeno toco de madeira a modos de banco. Pelo que pode perceber ele tinha o rosto quadrado e poderoso. O corpo que se mostrava parecia grande e forte, quase certamente de um guerreiro. Cheirou o ar, e viu que era um anjo que o procurava.

  Suspirou e entrou, se congratulando por se manter tranquilo.

  Parou perto da porta, de frente para o sujeito, os olhos já acostumados com as sombras.

  Com cuidado, tentando n?o se aparentar desafiador, ficou encarando o sujeito.

  Ele estava quieto, os olhos nos seus, o rosto inexpressivo.

  Foi ent?o que ele entendeu quem ele era. Ele estivera em seus sonhos nos últimos dias.

  - Veio terminar o servi?o? Assassinar o meu pai n?o foi o suficiente? – acusou.

  - Você iria matá-lo, de qualquer maneira. Apenas cheguei na frente.

  O Nefelin o olhou pensativo.

  - Ele era fraco. Ele nos enfraquecia.

  - Sua m?e concordou com seus pensamentos?

  - Ela se preocupou com essa possibilidade, sim – revelou. – Ela é muito protetora.

  - E acha que ela aceitou com tranquilidade?

  - Isso n?o é relevante. Nunca foi... Em todo o caso, veio pelo que acho que veio?

  - N?o duvide do que já sabe - ouviu aquela voz que parecia ser o próprio ar.

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  - Eu o vi nos meus sonhos – revelou.

  - Já se perguntou do porquê do sonho? Já se perguntou por que, quando sonha, vê tudo em primeira pessoa?

  - Pensei muito sobre isso, e confesso que n?o consegui entender o motivo.

  - Ah, você sabe sim. Você sabe porque eu estou aqui... – falou com tranquilidade, uma tranquilidade fria e calculada, ele bem sabia.

  - Desconfio...

  - é mesmo?

  - Sei que veio tentar me destruir.

  - Infelizmente, n?o vim tentar – falou se elevando, o corpo tornado predador, os olhos fixos, espreitando os movimentos. Com suavidade, da pequena bainha na cintura foi puxando a espada, que crescia irradiando-se numa cor abóbora. – Mas, te destruir é secundário...

  - Por que sou um nefelin?

  - Um dos primeiros. Sim, por isso. Mas n?o se trata apenas por ser um nefelin. Já vi muitos nefelins que s?o bem melhores que muitos anjos...

  - Ent?o, de que mais?

  - Esse é o problema, n?o é mesmo? Para você, e os como você, vocês só existem na primeira pessoa. As outras se tornam irrelevantes. Vocês, Dahrars, s?o uma declara??o de que estamos enfraquecidos. Vocês, crian?as, s?o uma abomina??o, e dá convic??o para aqueles que s?o contra nós.

  - Muitos pensam assim – concordou. – Mas, acho que se enganaram. Estranho você n?o ter percebido, quando matou o meu pai. N?o percebeu que ele era apenas um miserável ser humano? Nem mesmo chegou a desconfiar disso?

  - Vocês s?o muito ingênuos. Você planejava matá-lo para que eu n?o soubesse que ele era um anhangá. Mas, era tudo um engodo, n?o é mesmo? Uma forma eficiente para que um anjo o matasse apressadamente, com indiferen?a, n?o se preocupando em averiguar quem ele realmente era...

  O nefelin, em silêncio, apenas o observava.

  > Ideia da sua m?e? – sorriu, a espada girando lentamente.

  O anjo viu o sorriso maldoso se anunciando no rosto. Sabia que ele se sentia bem melhor agora, ao poder lutar em sua verdadeira identidade.

  - Esse conhecimento de nada vai lhe servir, e isso porque, voltando ao motivo da sua visita, espero que concorde que veio tentar. Sei que sou um nefelin, um Dahrar, e que você é um anjo. Mas, quem o enviou se esqueceu de mencionar uma coisa simples: n?o sou um Dahrar qualquer...

  Num movimento rápido como um raio estocou com a faca que disfar?adamente havia pegado da cintura ao mesmo tempo que estendia um véu escuro de ambos os lados, tentando imobilizar o anjo.

  Mas o movimento continuou para frente, sem efeito, vazio, a faca se enterrando num dos paus da parede, frágil e inútil.

  O nefelin parou, olhando confuso em volta. Ele havia desaparecido.

  O anjo se aproximou por trás, pensando como seria o mundo se deixassem que essas criaturas proliferassem sem controle. Talvez toda a cria??o fosse destruída, porque eles n?o conseguiam enxergar que nada era apenas sobre eles.

  Nathan tentava se controlar quando sentiu algo quente envolvendo todo seu pesco?o. E havia paz e as coisas se tornaram extremamente lentas. O calor escorria a partir dali para o seu corpo, enquanto um frio estranho o invadia.

  Sorriu, sabendo que seu fim havia chegado.

  - Você era especial sim, dahrar, e ainda é, t?o especial quanto qualquer ser vivente – falou o anjo com pesar às suas costas, embainhando a espada, vendo o dahrar desabar no ch?o, uma po?a de sangue se formando embaixo de seu pesco?o, que cortara bem fundo.

  Ent?o, como se tudo fosse pesado, deu um pequeno impulso até o andar superior, parando à frente da porta do quarto, onde uma pequena dahrar dormia agarrada com uma demiana.

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