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Capítulo 3 - Aprendizado

  Ana encontrou em Gabriel no décimo quinto ano após o Grande Vazio, e com isso redescobriu uma for?a há muito esquecida, um impulso para enfrentar a vastid?o de seus dias com renovada determina??o.

  Neste ano, ela come?ou a correr ao amanhecer, quando o mundo ainda jazia sob o manto da penumbra e o orvalho beijava a terra. O ar fresco da manh? acariciava seu rosto, enchendo seus pulm?es com uma sensa??o revigorante de vida. Cada passo que ela dava ecoava na tranquilidade matinal, como batidas de tambor em uma sinfonia da natureza despertando.

  — Gabriel, o que aconteceu com minha família? — ela já sabia que n?o teria resposta, mas seus pés a haviam levado à antiga pra?a da cidade, trazendo lembran?as adormecidas. Sentada nos degraus de uma fonte seca, Ana fechou os olhos e se lembrou de um dia ensolarado de ver?o, quando ela e sua irm? brincavam naquela mesma pra?a, correndo entre os jatos de água.

  A lembran?a, intensa e colorida, contrasta dolorosamente com o vazio cinzento atual, trazendo lágrimas aos seus olhos, mas também um sorriso ao lembrar da felicidade simples daqueles dias. às vezes Ana se perguntava se ele compreendia suas palavras, se era capaz de sentir a profundidade de suas emo??es.

  — Estranho, passei por aqui tantas vezes e nunca notei este lugar. Vamos ver o que você esconde — murmurou ela, limpando suas lágrimas ao avistar um cinema do outro lado da rua. — Sabe, Gabriel, há algo reconfortante em falar comigo mesma, eu sempre falo o que quero ouvir.

  Ao se aproximar do trigésimo ano, Ana sentiu um chamado silencioso, uma necessidade de se reconectar com as raízes da vida. Foi ent?o que ela voltou-se para a terra, buscando entender seus segredos mais profundos, mergulhando na rica tape?aria da natureza que a cercava. Seus dedos, antes acostumados com o toque frio do concreto, agora encontravam conforto na textura macia da terra, enquanto ela come?ava sua jornada de descoberta e aprendizado.

  — N?o deve ser t?o difícil, certo? — Apesar da falta de prática, ela decidiu tentar. Afinal, tempo n?o lhe faltava.

  Com o tempo, Ana transformou peda?os de terra abandonados em jardins exuberantes, onde as sementes encontravam um lar fértil para brotar e crescer. Cada flor e folha era cuidadosamente plantada, cada broto recebia amor e aten??o como um presente precioso, emergindo da terra era uma promessa de renova??o, uma pequena luz de esperan?a em um mundo marcado pela desola??o. Sob seu olhar atento, os jardins floresciam em uma profus?o de cores e aromas, testemunhas verdes da sua resiliência e determina??o.

  “Oho, sou uma fazendeira lendária!”, ela orgulhosamente observava o ciclo da vida se desdobrar diante de seus olhos, cada colheita sendo um testemunho do milagre da existência.

  Ana sentiu-se cada vez mais conectada com o mundo natural. Ela aprendeu a linguagem silenciosa das plantas e do solo, compreendendo os ritmos sutis da vida que pulsa sob a superfície. Cada momento passado entre as flores e árvores era um momento de comunh?o, uma troca silenciosa de energia e amor que nutria sua alma cansada.

  E assim, em meio a este mundo abandonado, Ana encontrou um oásis de vida e beleza em seus jardins. Em seguida, com as mesmas m?os que aprenderam fizeram algo t?o belo, ela o destruiu.

  — Posso saber o motivo? Para quê gastar tanto tempo em algo que será descartado? — inesperadamente o anjo perguntou, movido pela perplexidade com as a??es sem sentido de sua companheira.

  — As flores murchando me deixaram com raiva… ou talvez inveja — disse em um resmungo. — Todo esse maldito jardim me deixa com raiva. Nascendo, crescendo, morrendo, e o ciclo se repete. Eu me sinto estagnada quando lembro que meu tempo n?o passa, até mais do que em minha vida antes do Grande Vazio!

  — Eu entendo — Gabriel voltou a seu sereno semblante original, demonstrando abertamente o desinteresse após suprir sua curiosidade.

  Ana, por outro lado, come?ou a arrumar suas coisas para se mudar. Ela n?o aguentava mais tanta “vida”.

  Com o passar dos anos, Ana mergulhou cada vez mais profundamente na correnteza do tempo, permitindo-se ser levada por suas águas sem resistência. Por volta do septuagésimo terceiro ano de sua jornada solitária, ela fez uma escolha radical: abandonou os calendários e rejeitou a tirania do relógio. Em vez disso, optou por viver no eterno presente, onde cada momento era uma oportunidade para a descoberta e a cria??o.

  Para ela, o tempo deixou de ser uma linha reta a ser seguida obedientemente e transformou-se em um vasto oceano de possibilidades, onde passado, presente e futuro se misturavam em uma dan?a sem fim.

  — O tempo, — ponderou ela. — é apenas uma conven??o humana, uma tentativa v? de impor ordem ao caos do universo. Mas a vida, ah, a vida transcende essas limita??es, dan?ando livremente nos espa?os entre os segundos e os minutos, entende?

  Enquanto falava, ela lentamente se aproximou de Gabriel. Seu corpo parecia frágil e era um palmo mais baixo do que Ana, a obrigando a abaixar levemente para soltar seu sussurro.

  — é um segredo só nosso, mas eu só n?o quero mais contar meus aniversários. Já sou uma senhora! — o que come?ou em um sussurro foi finalizado com uma alta exclama??o. Seus lábios n?o suportaram a situa??o e se libertaram em uma contagiante gargalhada.

  Gabriel encarou essa estranha cena com um olhar raro de preocupa??o.

  “Talvez ela tenha perdido a sanidade?” refletiu ele, afastando-se rapidamente da agitada garota.

  — Gabriel, eu quero contar nossa história! O mundo será obrigado a apreciar minhas obras!

  A liberdade recém-descoberta ao descartar o conceito de tempo abriu as portas para uma explos?o de express?o artística como nunca antes vista:

  A pintura tornou-se o meio pelo qual ela podia dar voz às suas emo??es mais profundas, cada pincelada um grito de liberdade, cidades imponentes transformaram-se aos poucos em deslumbrantes explos?es cromáticas, com cores e formas que capturavam sua essência.

  A música, por sua vez, tornou-se sua alma, cada nota ressoando em harmonia com os batimentos de seu cora??o, cada melodia uma express?o do seu ser mais íntimo.

  — é uma pena que n?o tenha ninguém para ouvir — disse, descartando o violino após uma última serenata com uma carranca. Ela gostou do aprendizado, mas queria algo que perdurasse por toda parte..

  Ana achou sua nova paix?o da época na escultura, com suas formas tangíveis e suas texturas táteis, tornando-se a manifesta??o física de suas mais profundas emo??es, cada obra uma jornada de autodescoberta e transforma??o.

  — Agora você está eternizada neste mundo, Gabriel — Ana observava o anjo e a estátua recém completada entre dedos de cineasta, concluindo que a escultura refletia a figura perfeita do ser divino — Apesar que n?o acho que algum dia conseguirei reproduzir seus olhos, a estátua tem mais vida do que você!

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  Em poucos anos a cidade de Ana, antes vazia, ia se enchendo de uma vivacidade mórbida. As ruas eram preenchidas com estátuas de todo tipo de pessoa. Vendedores colocando suas mercadorias em exposi??o, pedestres conversando e sorrindo ao atravessar a rua, crian?as brincando alegremente ao redor da fonte.

  — Hmmm, se você fechar levemente os olhos, parecem pessoas reais, né? — No instante em que disse isso, um arrepio passou por todo o seu corpo. — Meu deus, isso é extremamente bizarro! Você viu eu montando essa monstruosidade e n?o disse nada?

  Ana encarou o anjo. A todo momento dos últimos anos ela sentiu os olhos silenciosos de Gabriel observando-a. "Será que ele percebe a verdadeira profundidade do meu ser?", às vezes, em momentos de introspec??o, ela se perguntava o que ele via quando a contemplava mergulhada em sua criatividade.

  — Você é um ser estranho, trata seu esfor?o como um mero capricho. Mas n?o vou mentir, esse lugar também n?o me agrada — seus olhos encarando as estátuas quase reais ao seu redor .tremiam levemente

  — Seu medroso! — retrucou Ana sem nem mesmo reparar no fato de que foi inesperadamente respondida. Ela tentava negar para si mesma os arrepios que sentia, mas, antes mesmo de terminar a frase, já se dirigia para seu quarto para come?ar a arrumar as malas.

  Neste dia, se ainda existissem observadores na Terra, se veria ao longe duas garotas saindo dos port?es com uma pressa incomum. Uma enigmática e perturbadoramente animada cidade de estátuas foi deixada para trás.

  à medida que Ana avan?ava pelo terceiro século de sua existência singular, ela se metamorfoseava em algo mais do que uma simples sobrevivente. Tornou-se uma criadora, uma for?a da natureza por si só, moldando o mundo à sua volta com a mesma destreza com que moldava suas próprias emo??es e pensamentos. N?o se contentava mais em apenas existir; agora, buscava compreender os segredos mais profundos do universo, mergulhando n?o apenas nas paisagens físicas, mas também nos rec?nditos de sua própria alma.

  Ela se tornou uma exploradora incansável, atravessando terras desoladas e desertas, onde as ruínas do passado ecoavam a fragilidade da vida humana e a eternidade do tempo. Cada ruína era mais do que simplesmente uma estrutura desmoronada; era um testemunho silencioso de uma era passada, uma cápsula do tempo que continha em si as memórias e os sonhos de um povo há muito desaparecido.

  Foi neste momento em que Ana aprendeu a ouvir a música da quietude, a encontrar beleza na simplicidade do vazio. Descobriu que o silêncio n?o era apenas a ausência de som, mas sim uma sinfonia de sutis murmúrios, uma melodia que ecoava através dos séculos. E na escurid?o das noites solitárias, ela encontrou a luz da própria alma, uma chama que queimava t?o brilhantemente quanto as estrelas no céu.

  — Eu encontrei meu caminho — um sorriso radiante se espalhou pelo seu rosto ao perceber todo o conhecimento que ainda poderia roubar deste mundo esquecido.

  No limiar do quarto século de sua jornada solitária, Ana se viu diante de uma revela??o: séculos de treinamento físico dedicado haviam esculpido seu corpo em uma obra-prima de perfei??o atlética. Cada músculo uma testemunha silenciosa de sua dedica??o incansável ao aprimoramento pessoal.

  — Se você continuar sem me responder, vou te deitar a porrada! — disse, zombeteiramente, fazendo poses de muscula??o em frente ao espelho.

  Gabriel, com um olhar claro de desprezo, sentou-se na cama ao lado de Ana, atordoado pela ridícula cena. “Apesar de seu comportamento, é inegável que está no auge de sua ra?a”, pensou enquanto pressionava suas têmporas.

  — For?a n?o vale muito quando n?o se tem a habilidade necessária para aproveitá-la

  — Ah, Eu sabia que você n?o era uma inútil! Preciso aprender a lutar! — impulsionada pelas palavras de Gabriel e pelo orgulho de sua conquista, Ana ansiava por um novo desafio, uma nova maneira de explorar os limites de seu potencial.

  Assim, ela se lan?ou de cabe?a na tarefa de dominar as artes marciais. Com uma determina??o férrea, se dedicou a aprender cada forma conhecida, mergulhando profundamente em uma variedade de estilos que abrangiam desde o tradicional karatê até a expressiva capoeira, do elegante kung fu ao pragmático krav magá. Para Ana, cada estilo era mais do que uma simples técnica de combate; era uma linguagem única, uma express?o de poder, disciplina e arte, uma maneira de transcender os limites do corpo e da mente.

  Em seu treinamento, embarcou em uma jornada sem destino pelo mundo. Sua imortalidade lhe concedera uma perspectiva única sobre a vida, e ela ansiava por explorar os recantos mais remotos e selvagens do planeta, aprender sobre seus companheiros que compartilham de sua imortalidade. Seu objetivo n?o era apenas documentar a variedade de criaturas que habitavam a Terra, mas sim compreender profundamente sua natureza e seu papel no vasto ecossistema do mundo.

  Armada com um simples caderno e lápis, Ana mergulhou nas florestas densas, atravessou desertos áridos e escalou montanhas majestosas, registrando meticulosamente cada encontro com a vida selvagem. Cada página de seu caderno era uma obra de arte em si mesma, repleta de anota??es detalhadas, esbo?os cuidadosamente desenhados e observa??es perspicazes sobre o comportamento e hábitos dos animais que encontrava. Cada criatura era uma maravilha da natureza, uma manifesta??o da incrível diversidade e complexidade do mundo vivo.

  — Acredito que está na hora de voltar — mencionou, verificando em seus mapas que n?o havia muitos outros lugares para ir. — Na volta, pretendo estudá-los por dentro.

  Com um olhar alegre, desalinhado com sua última frase mórbida, Ana pegou uma faca militar em sua cintura e abriu um novo caderno em branco, colocando-o no ch?o ao lado de sua mochila. Em seguida, caminhou lentamente em dire??o aos pinguins que havia estudado recentemente, o último animal de seu registro anterior.

  “Sua loucura está se manifestando cada vez mais…”, refletiu Gabriel, enquanto a observava. Seus lábios com um sorriso gentil ao pensar na sangrenta viagem de volta ao Brasil.

  Assim, enquanto dominava as artes marciais e explorava os cantos mais remotos da Terra, Ana descobriu uma nova profundidade em sua conex?o com o mundo ao seu redor. Cada passo de sua jornada era uma express?o de sua busca incessante pelo conhecimento e compreens?o, uma busca que a levava cada vez mais perto do verdadeiro significado de sua existência imortal.

  Foi no ano 521 em que Ana descobriu o prazer da leitura. Diante das portas empoeiradas de uma biblioteca abandonada, um tesouro oculto pelo tempo, ela sentiu-se como uma crian?a diante de brinquedos recém-descobertos. Movida pela curiosidade, mergulhou nas páginas amareladas, absorvendo cada palavra do mundo antigo. O que come?ou como um passatempo inocente logo se transformou em uma paix?o avassaladora pelo conhecimento.

  Décadas se desenrolaram como as páginas de um livro, e Ana mergulhou cada vez mais fundo nesse oceano de sabedoria. Seu talento natural para a leitura, combinado com uma mente afiada por séculos de aprendizado, a transformou em uma exploradora voraz de livros. Seus olhos varriam as linhas das obras, absorvendo cada palavra como uma esponja insaciável.

  A habilidade de ler rapidamente tornou-se uma ferramenta poderosa, permitindo-lhe explorar os vastos corredores de conhecimento em bibliotecas de todo o mundo. Ela devorava tratados científicos, romances clássicos, tratados filosóficos e histórias épicas com igual voracidade, navegando entre os mundos imaginários dos autores e os conceitos profundos dos pensadores antigos.

  Cada livro era mais do que uma simples fonte de entretenimento; era uma janela para novos horizontes, uma oportunidade de expandir sua compreens?o do mundo e de si mesma. As artes marciais que praticava eram enriquecidas por séculos de tradi??o e sabedoria, enquanto sua compreens?o do mundo natural era aprimorada por tratados de biologia e ecologia.

  Com o passar dos séculos, Ana emergiu como uma estranha fus?o única de atleta, erudita e filósofa. Navegando com gra?a entre os reinos da mente e do corpo, ela encontrou um propósito que transcendia o tempo: ser a eterna aprendiz, sempre buscando, sempre crescendo, sempre se transformando. E assim, entre as páginas dos livros e os caminhos sinuosos da existência, ela tra?ou seu próprio destino, uma história eterna de descoberta e autoconhecimento. No entanto, mesmo em sua imortalidade, ela n?o estava isenta das fraquezas do corpo humano.

  — Droga, eu daria tudo por um ibuprofeno

  A fome insaciável por conhecimento, que por tanto tempo alimentou sua alma imortal, come?ou a cobrar seu pre?o. Ana, outrora invencível em sua determina??o e vitalidade, viu-se agora assombrada por uma sombra que crescia dentro dela: dores de cabe?a lancinantes, como punhais afiados que perfuravam sua mente sempre sedenta.

  No início, Ana tentou ignorar essas dores, atribuindo-as ao mero cansa?o. Mas, à medida que o tempo avan?ava implacavelmente, o inc?modo se intensificava, evoluindo para tormentos constantes que a atormentavam tanto de dia quanto de noite. Cada página virada e cada palavra absorvida pareciam adicionar peso ao seu sofrimento, como se o vasto oceano de conhecimento que ela se esfor?ava para abra?ar estivesse, paradoxalmente, tentando afogá-la.

  — Parece que nosso tempo juntos está se esgotando, Gabriel — mencionou enquanto uma nova dor agonizante assolava seu corpo. Gabriel, seu companheiro silencioso e enigmático por tantos anos, observava-a com uma express?o de preocupa??o n?o característica. O rosto de Ana, que uma vez irradiava com a luz da descoberta e alegria, agora estava marcado pela sombra do sofrimento e pelo brilho opaco da exaust?o.

  Em sua angústia crescente, Ana se voltou para os livros, uma tentativa desesperada de encontrar alguma cura, algum alívio para a agonia que se tornara sua constante companheira. Ela devorou tratados médicos e filosóficos, buscando nas palavras de outros uma solu??o para sua própria condi??o dilacerante. Mas, quanto mais lia, mais o desespero se aprofundava; as letras impressas no papel pareciam zombar dela, reiterando uma verdade cruel que já come?ava a aceitar em seu cora??o: seu tempo, apesar de toda a imortalidade, poderia realmente estar se esgotando.

  “Ainda há tanto por aprender, tanto há descobrir…” um sorriso amargo tocava seus lábios enquanto ela se permitia um momento de descanso, seus olhos fechando-se lentamente, talvez pela última vez.

  Ao fundo, de forma quase imperceptível, uma voz celestial ecoava.

  — Sua grande filha da puta, eu n?o fiquei tanto tempo neste lugar para tudo acabar assim.

  Ana n?o entendia de onde a voz estava vindo e estava fraca demais para entender seu significado. Sua vis?o escurecia lentamente. “Adeus, mundo”, pensou, pois seus lábios já n?o tinham for?a para um sussurro. Tudo ficou escuro.

  Nesse instante crítico, reminiscente de uma reviravolta típica de dramas antigos, um súbito ataque de dor lancinante, mais feroz do que qualquer coisa que já havia sentido antes, a arrancou das garras sedutoras do desespero final. A realidade tornou-se turva e ela lutava para compreender o que estava acontecendo, enquanto a dor se tornava cada vez mais insuportável. Seus gritos já n?o tinham som e seu corpo se contorcia em agonia, cada segundo parecia um mês, cada minuto uma era. Ana sentiu que a morte da qual tanto fugiu parecia um doce destino em rela??o ao que estava suportando.

  Mas ent?o, t?o repentinamente quanto come?ara, a tempestade de dor come?ou a se dissipar, deixando-a exausta, mas inexplicavelmente intacta. Quando seus olhos finalmente se abriram, encontraram os de Gabriel, que a observava com uma severidade incomum. Tal olhar durou apenas um momento, pois já sobrecarregada pelo momento, Ana sucumbiu ao cansa?o e desmaiou.

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