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A DÂMIA E SEU NOME

  Todo ser embala e tem enraizada escurid?o na alma, que cresce ou adormece dependendo de como a alimentamos. Resolvi deixar a janela aberta para o sol.

  Bem distante do acampamento Uivo desceu, se examinando com cuidado. Satisfeito diminuiu suas sombras, elevando suavemente sua vibra??o.

  Orgulhoso de si mesmo se despoderou, enquanto examinava os morros e vales além.

  - Agora sim, está bem melhor.

  Uivo se virou rapidamente, os olhos postos no dem?nio que se adensara. Já o pressentira há muito, e sabia que ele logo se mostraria. E ali estava.

  - Eu o esperava. O pressenti me vigiando há dois dias, mas tenho certeza de que me vigia a bem mais, n?o é mesmo?

  - Ah, n?o se sinta em vantagem por ter me percebido. Você acha mesmo que conseguiria isso?

  - O que você é, realmente? Você tem algum parentesco com os grandes dem?nios?

  - Ah, fala isso por causa das sombras e farpas e... N?o, n?o sou parente deles – declarou n?o demonstrando qualquer interesse. - Talvez o Trov?o tenha ficado sem ideias quando os criou, ou permitiu que eles procriassem. Quem sabe?

  - Ent?o, sua curiosidade sobre mim já está satisfeita? – sorriu com sarcasmo.

  - Digamos que o sofrimento que tem pela frente n?o é do nível que me agrada. Ent?o...

  Sem qualquer aviso ele se tornou mais fluído e atacou com enorme potência. Uivo se poderou com rapidez e se esquivou, uma farpa em forma de lamina no caminho do dem?nio, que apenas passou por ela, enquanto desferia um golpe contra Uivo, que também n?o surtiu qualquer efeito.

  - Isso vai ser muito interessante – saboreou Uivo, se tomando de mais sombras, sob o olhar divertido do dem?nio.

  Uivo avan?ou, as sombras se revolvendo e tornando suas formas indistintas, tal como o dem?nio. No entanto, quando estavam quase se tocando, Uivo se virou um mínimo, tornando uma farpa de que se fazia em um pequeno invólucro de fuma?a, onde pulsava uma pequena e tímida luz dourada.

  O juguena tentou se esquivar ao ver aquelas sombras estranhas, mas a surpresa do ataque o confundiu, e ele foi atingido.

  Uivo se afastou, saboreando a surpresa nos olhos do dem?nio, que tinha a cara de nevoa voltada para o seu lado, onde um rasgo se recusava a se recompor. Ent?o levantou os olhos para Uivo, que o examinava em paz, controlado.

  - Isso você n?o conhecia, n?o é mesmo, juguena? E aposto que isso está além da sua capacidade.

  - Luz... Mas, você é um dem?nio, e a luz...

  - Que bom que está surpreso – sorriu na estranha forma. – Mas, confesso que também estou surpreso. Você é uma dêmona.

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  - Uma damia, é o que quis dizer, é isso? – reclamou, mantendo-o sob vigilancia.

  - N?o sabia que damia é a fêmea de dem?nio também – esclareceu.

  - Na verdade, dem?nio que é o masculino de damia – esclareceu por sua vez.

  - Está certo... Ent?o, como vai ser? – Uivo perguntou, diminuindo um pouco as sombras de que era feito, em sinal de paz.

  A velocidade com que a damia atacou foi absurda. N?o houve ferimento, ou corte, mas uma press?o absurda num lado, que fez Uivo gemer de dor. Depressa se poderou em definitivo como dem?nio, o que fez com que a damia recuasse de seu novo ataque.

  - Também tenho meus truques – falou com satisfa??o.

  - Diferente do seu truque, damia, o meu é mortal, enquanto o seu apenas o é contra outros, mas n?o contra mim – falou, fazendo uma farpa se tomar de uma luz arroxeada, que logo tornou branco prateada. – Ainda n?o sei qual a cor que causa mais dor, ou mata mais rápido um dem?nio, ou uma damia – explicou, a postura séria e amea?adora.

  - Pois vai ser uma ótima oportunidade para você descobrir que isso e nada s?o a mesma coisa – falou, logo emitindo uma vibra??o que fez a luz que Uivo invocara tremeluzir.

  Uivo se esquivou e tentou atingir a damia, ataque que foi facilmente interceptado e bloqueado, enquanto sentia um golpe terrível no ombro de névoas.

  - Entendi – falou tomando distancia da damia. – Vibra??o... Vibra??o, energia, ... Uma forma de luz... Pelo que vejo, há sempre oportunidades para aprender alguma coisa, n?o é mesmo? – falou, emitindo uma vibra??o que, apesar de n?o ser da qualidade da que a damia emitira, ainda assim mostrava seu poder.

  Uivo n?o pode deixar de sorrir, ao ver que a damia tornava uma farpa de sombra de uma colora??o bem mais clara que seu normal, e julgou que ela tinha bem mais poder que as farpas e lan?as normais que usava.

  - Sempre podemos aprender, quando estamos dispostos a isso – ela declarou.

  E, sem qualquer aviso, a damia se adensou bem mais, e se mostrou como uma juruparináh. Ela era alta e esguia, a boca grande e os olhos negros, os cabelos longos e cheios, totalmente lisos. Ela estava vestida com uma pequena saia de couro e um suti? do mesmo material, e nada mais. Ela ainda tinha um halo em volta da cabe?a, formada pelas sombras, como se fosse um disco, que desconfiou que poderia rapidamente envolver todo seu rosto em brumas, protegendo-o de qualquer ataque bem como de qualquer olhar mais curioso.

  Em reconhecimento Uivo se despoderou, se mostrando em sua forma pumacaya.

  Receosos, os dois foram se aproximando.

  - A forma que escolheu é bem... h?, bonita – Uivo elogiou.

  Ela riu, um riso aberto e franco.

  - Que bom que gostou. A sua forma também n?o é ruim – riu. – Gosto disso – confessou.

  - De que?

  - De conversar com alguém – falou com simplicidade.

  - Sabe, n?o quero lutar com você.

  - Por que n?o? – espantou-se a damia.

  - Vocês s?o raros, e sinto que o mundo precisa de vocês. Bem, em resumo n?o quero lutar com você.

  - Mas, uma luta só é boa quando o inimigo é digno de partilhá-la, n?o é?

  - A amizade, damia, é mais digna de partilha...

  - Pode ser vista como fraqueza.

  - Pode, mas sabe que n?o é. Na verdade, demonstra poder, for?a...

  - Sobre...

  - Sobre instintos, sobre uma natureza que nos torna menores do que somos, que nos obriga a nos mostrarmos menores do que realmente somos.

  - Viu? Fraqueza – riu abertamente.

  - Você se despoderou primeiro. N?o tem receio de que eu a ataque?

  - De jeito algum. Eu conhe?o você; sei o quanto é nobre. Além disso, quem disse que uma juruparináh é um ser despoderado? – riu novamente, para confus?o de Uivo, que acabou relaxando novamente ao ver o jeito tranquilo da damia.

  - E você, damia, é nobre?

  - Quando dou minha palavra, sim.

  - E ent?o?

  - Ent?o o que? – riu tranquila.

  - Ora, dá sua palavra de que n?o vai me atacar?

  - Vamos ver, né? E meu nome n?o é damia, é LuaEscura. E você, Uivo, n?o é?

  - Sim, esse é meu nome? Vem me observando?

  - Claro que sim. Seu crescimento como dem?nio chamou a minha aten??o.

  Uivo a observou com mais interesse. Já lutara com alguns poucos juruparináhs, e aquele era o primeiro com quem podia conversar. E isso era muito interessante.

  - Você, sem dúvida, é bem mais do que poderia ter pensado, ou mesmo imaginado.

  - Uma crítica?

  - De forma alguma... Uma agradável surpresa... – sorriu.

  - Ora, isso é bom? – riu, se desfazendo rapidamente no ar.

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