A luta contra as sombras n?o deve servir de álibi para ser escurid?o.
As mutas Montesa, Canhestra e Maestra ficaram suspensas, observando o dem?nio ao longe, que cismava sobre uma montanha no alto da Espinha.
- Ele foi trazido há pouco. Vocês sentiram, n?o sentiram?
- Sim, claro que sentimos – falou Maestra, avaliando com cuidado o gigante.
- Ainda acho que deveríamos destruir o corpo que ele usa, tal como deveríamos fazer o mesmo com os outros dois dem?nios. Esse mundo insignificante já está por demais chamando nossa aten??o.
Volitora voltou-se para Canhestra, se perguntando se ela n?o estaria certa, imaginando como estariam após a destrui??o deles.
- Nosso momento n?o é de interven??o, mas de avalia??o, e de espera – contrap?s-se Nanindeua surgindo ao lado deles.
- Mas, n?o deixa de ser interessante isso, n?o é mesmo? – Maestra pulsou, acariciando aquela possibilidade.
- N?o, n?o é quando se pesa o custo que se tem no??o do que se perderá.
Maestra observou Nanindeua por um momento, e acabou sorrindo, dando-lhe apoio.
- Ainda mais quando consideramos que nem todas as mutas despertaram e est?o semeadas – considerou.
Ao dizer assim as outras mutas se foram, deixando Maestra pensativa, o semblante que parecia avaliar todas as linhas possíveis e as respostas que a elas seriam dadas. Sabia ser Elahin, mas sentia o quanto aquela personalidade estava sendo diluída em ser muta, se tornando distante do que antes julgava importante. Em tudo, todas as linhas, todas as dobras, via apenas indícios de um julgamento que teria que ser feito, porque a balan?a estava sendo trazida para a presen?a de todos.
Maestra inspirou demoradamente.
Ent?o, como forma de se centrar novamente, procurou mais uma vez por eles, pelos dois anjos que pareciam ter se dado uma importante miss?o, mesmo que esquecidos e tomados de amargura. E os encontrou.
Foi ent?o que algo lhe chamou a aten??o, pondo-o totalmente em alerta. Assombrado flutuou sobre eles, toda sua consciência atenta, tentando entender o que estava sendo formado. Via de longe via cord?es de energia ligando-os, puxando um para o outro, mesmo que se mostrassem adormecidos. Já vira isso muitas vezes e muitas vezes em muitos outros mundos e com muitos outros seres, se recordava, e tal como das outras vezes os viu se estranhando e se matando. Ent?o as centelhas se elevavam, se observavam e partiam. Mas, desta vez, ficaram um tempo a mais se observando. Ent?o ali novamente surgiu uma linha de energia bem tênue que se esfor?ava em se encorpar, outra vez se irradiando e seguindo para o ocidente, para cima das montanhas, só que desta vez se esticando bem mais que das outras vezes.
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Maestra se voltou novamente para os dois, e sentiu um certo silêncio recheado de uma pontada de tristeza quando os viu partindo.
Apesar da frieza que parecia tomar o que era, pelos dois sentia uma grande empatia. E como n?o poderia deixar de ser, considerando que conhecia Lázarus e Ariel t?o bem, mesmo que pelos dois estivesse ignorado? N?o era ela que os conhecia, mas era aquele que se doara para habitá-la, o que parecia dar no mesmo.
Após algum tempo em que haviam partido voltou-se novamente para o oeste, para onde a linha de energia dos dois havia se encompridado.
Com bastante sutileza avan?ou até uma distancia segura em que poderia se manter oculto. Com cuidado sondou na profundidade que julgou prudente.
Sua estranheza veio recheada de surpresa ao ver em quem os dois se ligavam. Ali estava o mesmo gigante solitário e pensativo cismando, a garra direita tocando com um carinho sugerido uma pequena flor azul que fizera surgir no ch?o, perto da barra do corpo manta que se dava. E a linha havia tocado o gigante, e após se enrodilhar sutilmente f?ra por ele inoculado.
Suspirou, ciente de que Mercator era um dem?nio de imenso poder.
Resolveu prestar uma aten??o especial nele.
Sua curiosidade foi ati?ada ao ouvir nele um suspiro pensativo, ensimesmado, distante, perdido numa velha pergunta, com um nova brasa avivada: "O que eu sou?".
Depressa se voltou para as terras baixas, procurando, mas tendo o cuidado de n?o se denunciar, pois via uma outra linha extremamente fina e discreta de inten??o também tocando o gigante.
Assim atento o viu.
Se todos pensavam que eles tinham ido embora do planeta por conta da quarentena que sobre Gaia for a imposta, isso era apenas uma cobertura, um disfarce, viu com clareza. E ali estava a prova: os anjos ainda vagavam no planeta.
Miguel estava lá, flutuando, um pequenino ponto perdido na imensid?o escura acima do planeta, sussurrando pequenos esporos de luz para o dem?nio que sofria e pedia por ajuda. E agora que sabia o que procurar via, além da própria linha que o ligava ao gigante, tornava-se claro que for a ele quem providenciara a liga??o dos dois anjos esquecidos com o dem?nio Mercator.
Desconfiado voltou sua aten??o para o ch?o do planeta, e viu que muitos que eram julgados homens ou pessoas nada mais eram que anjos disfar?ados, misturados aos seres que ali viviam.
Pegou discretamente um deles, o de menor poder, e seguiu sua linha de tempo para trás, e viu o papel que desempenhava, que os anjos desempenhavam – eles estavam construindo novas linhas de tempo, por amor à Gaia, por amor à vida.
Maestra tomou um grande hausto de ar, saboreando o que havia descoberto, e toda a roda que estava seguindo pela trilha.
Os anjos estavam ali, no planeta, se beneficiando de um manto de ocultamente e esquecimento; e bem lá na frente podia ver as figuras dos veladores, bem como dos sentinelas. Surpreso ainda viu também os dahrars e os nefelins, e dem?nios de diversas linhagens; e ali estavam os tardischs...
E, além deles todos - sorriu, - havia as mutas...