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A Força do Grupo

  As aulas terminaram em um piscar de olhos, e o som do sinal foi recebido com suspiros de alívio por toda a sala. Enquanto os outros alunos se apressavam para sair, caminhei pelos corredores movimentados, ajustando a al?a da mochila no ombro.

  Minha mente, no entanto, ainda estava presa nos acontecimentos do dia anterior.

  A tarde na biblioteca com Yuki havia sido mais do que produtiva; havia sido surpreendentemente leve. Cada explica??o dela parecia um passo à frente no meu entendimento, e o jeito como sua voz calma guiava as solu??es ainda ecoava na minha cabe?a.

  Eu n?o conseguia evitar o leve sorriso que surgia no meu rosto ao lembrar da luz do sol iluminando os cabelos dela e daquele sorriso gentil que ela mostrava quando eu finalmente acertava uma quest?o.

  — Shin! — A voz de Seiji me puxou de volta à realidade, enquanto ele se aproximava com Rintarou ao lado. Sem pressa, ele jogou um bra?o em volta do meu pesco?o, me arrastando com um sorriso animado. — Vamos logo! A galera tá esperando na lanchonete!

  — Tá bom, tá bom — respondi, rindo enquanto me soltava.

  Do lado de fora, o sol da tarde brilhava com intensidade, mesmo sendo inverno. A caminhada até a lanchonete foi relaxante, com o habitual clima leve que sempre parecia acompanhar Seiji e Rintarou. Ao chegarmos, avistei o restante do grupo já reunido em uma mesa próxima à janela.

  Akira acenava como se estivéssemos bem longe, enquanto Takeshi, em um equilíbrio, tentava segurar uma pilha de livros que amea?ava desabar a qualquer momento. Mai e Kaori estavam sentadas, envolvidas em uma conversa animada que fez Kaori rir alto quando nos aproximamos.

  — Finalmente, Shin! — Kaori exclamou, levantando-se teatralmente com um sorriso provocador. — Pensei que você tinha desistido da gente de novo, tipo ontem!

  — Eu n?o desisti ontem, só tinha um compromisso… — expliquei, tentando soar casual enquanto me sentava na mesa.

  — Sei… compromisso, né? — Akira comentou com um sorriso travesso, recebendo um olhar cúmplice de Seiji.

  — Certo, certo, vamos deixar o Shin em paz por um minuto. — Mai interveio, levantando uma folha repleta de números e fórmulas. — Precisamos de todas as cabe?as funcionando pra resolver isso aqui.

  — Todas as cabe?as? A minha n?o vai ajudar muito… — Takeshi murmurou enquanto colocava os livros na mesa com um barulho pesado. Ele se jogou na cadeira, apoiando o rosto nas m?os. — Matemática é tipo... meu pior pesadelo.

  Kaori riu, cutucando o ombro dele.

  — Takeshi, você fala isso de todas as matérias. — Ela brincou.

  — N?o é culpa minha se eu sou melhor em… coisas que n?o envolvem números. — Takeshi respondeu, gesticulando sem for?as, arrancando risadas do grupo.

  Seiji já estava com o menu na m?o, ignorando completamente a folha que Mai segurava.

  — Antes de qualquer coisa, vamos pedir alguma coisa pra comer! N?o dá pra estudar de barriga vazia! — declarou com a mesma seriedade que um líder motivando seu time.

  Mai suspirou, cruzando os bra?os.

  — Seiji, o que você faz no intervalo? Dorme e esquece que é pra comer?

  — é... um treinamento secreto pra maximizar minha fome! — Ele rebateu com um sorriso confiante.

  Rintarou, que até ent?o estava quieto, balan?ou a cabe?a e murmurou com um leve sorriso:

  — Isso é basicamente a estratégia dele pra tudo...

  Enquanto os pedidos come?avam a ser feitos, a mesa se enchia de risadas e energia, preparando o lugar para uma tarde de estudos — ou algo próximo disso.

  Depois que os pedidos chegaram, a mesa ficou um pouco mais organizada — ou, pelo menos, t?o organizada quanto poderia ficar com Seiji devorando um salgado e Takeshi tentando desesperadamente segurar um sanduíche escorregadio sem derrubar os ingredientes nos cadernos espalhados.

  — Certo, pessoal, foco agora. — Rintarou disse, com um tom de lideran?a, enquanto colocava um exercício de matemática no centro da mesa. — Alguém consegue resolver isso?

  Todos se inclinaram para olhar para a folha, mas o silêncio que seguiu deixou claro que ninguém estava exatamente confiante. Takeshi foi o primeiro a recuar, balan?ando a cabe?a com uma express?o derrotada.

  — Isso aí é impossível... Quem consegue resolver isso!?

  Kaori inclinou-se para frente, franzindo a testa enquanto examinava o problema.

  — Parece complicado mesmo… — murmurou, mordendo o lábio. — Mas acho que tem alguma coisa a ver com… h?… ah, eu n?o sei.

  Observei a quest?o. Era familiar. Muito mesmo. Yuki tinha me ensinado exatamente isso no dia anterior. Um impulso de confian?a me atingiu, e puxei a folha para mais perto.

  — é mais simples do que parece — falei, surpreendendo a todos na mesa.

  Kaori e Seiji trocaram olhares confusos, mas eu já estava desenhando um pequeno gráfico no canto do caderno para ilustrar minha explica??o. Com calma, comecei a detalhar os passos, exatamente como Yuki havia feito. Fui explicando o raciocínio e mostrando como cada parte se conectava.

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  Houve um momento de silêncio enquanto todos olhavam para o que eu tinha feito. Ent?o, Kaori foi a primeira a reagir, seus olhos brilhando de entendimento.

  — Ah, entendi! — Ela apontou para o gráfico com entusiasmo. — Tudo faz sentido agora!

  — Uau, Shin! Desde quando você é t?o bom em matemática? — Akira perguntou, os olhos arregalados enquanto me encarava com genuína surpresa.

  — é sério! Você foi iluminado ou algo assim? — Seiji adicionou, a boca ainda cheia de comida.

  Eu ri, tentando parecer casual, mesmo que meu rosto estivesse esquentando levemente.

  — Eu só… estudei bastante ontem — respondi, desviando o olhar, tentando manter a voz casual.

  A verdade era que, enquanto matemática finalmente come?ava a fazer algum sentido gra?as à ajuda de Yuki, outras matérias, como ciências ou biologia, ainda me deixavam completamente perdido. Sempre que olhava para aquelas páginas cheias de termos complicados, era como tentar decifrar um idioma desconhecido.

  Apenas dei sorte de ter revisado matemática no dia anterior — com muita ajuda.

  — Shin, você precisa me dar umas aulas particulares! — Takeshi brincou, levantando a m?o como se estivesse se inscrevendo para algo muito sério.

  — Se o Takeshi tá pedindo ajuda, é porque a situa??o dele é realmente crítica... — Kaori comentou, rindo enquanto dava um leve empurr?o no ombro dele.

  — Ei, n?o precisa jogar na cara assim! — Takeshi rebateu, mas seu tom era mais de divers?o do que de ofensa.

  Enquanto as risadas ecoavam ao redor da mesa, senti algo novo também. Explicar algo que antes parecia t?o complicado para eles, e também para mim, e vê-los realmente entendendo dava uma sensa??o estranhamente boa.

  Era como se, por um momento, eu estivesse retribuindo, de alguma forma, o apoio e as amizades que sempre me deram for?a.

  Depois de avan?armos bastante em matemática, Rintarou sugeriu uma pausa antes de passarmos para outra matéria. A ideia foi recebida com alívio por todos, especialmente por Seiji e Akira, que pareciam estar prestes a implorar por misericórdia.

  Enquanto relaxávamos, a conversa desviou naturalmente para o Festival Escolar, trazendo ambos de volta ao centro das aten??es.

  — Nossa turma precisa fazer algo que realmente chame aten??o. — Akira come?ou, cruzando os bra?os e assumindo uma express?o que parecia mais séria do que o habitual. — Ainda acho que um Maid Café seria um sucesso absoluto.

  Takeshi, que estava tomando um gole de suco, engasgou t?o forte que Mai teve que lhe dar um tapinha nas costas.

  — Um Maid Café?! — Ele exclamou, a voz um pouco rouca pelo engasgo. — Você realmente tá falando sério?

  — Claro que t?! — Akira respondeu com firmeza, inclinando-se para frente enquanto um sorriso travesso surgia em seu rosto. — Imagina só: as garotas, como a Sora, Yumi, Mina, Yuki, e as outras usando uniformes de empregada bonitinhos, hein, hein?

  A imagem que ele pintou me pegou de surpresa, e meu cora??o disparou involuntariamente ao pensar em Yuki em um uniforme desses. Balancei a cabe?a rapidamente, tentando afastar o pensamento, mas n?o pude evitar um leve calor no rosto.

  Claro que ela seria o centro das aten??es na escola se isso realmente acontecesse.

  — Você n?o tem jeito, Akira. — Mai balan?ou a cabe?a, cruzando os bra?os e lan?ando um olhar repreensivo. — N?o dá pra pensar em outra coisa além dessas ideias absurdas?

  — Tá bom, tá bom, foi só uma sugest?o! — Akira ergueu as m?os em um gesto defensivo, mas o sorriso no rosto deixava claro que ele estava adorando a rea??o. — Mas ainda acho que é a melhor op??o.

  — Ok, mas e se fizermos algo mais criativo? — Takeshi interveio, tentando redirecionar a conversa. — Tipo uma sala interativa, com desafios ou enigmas que as pessoas precisem resolver. Pode ser algo imersivo, sabe?

  — Isso soa interessante. — Rintarou comentou, pensativo. — Algo que destaque nossa turma, mas que também seja diferente. Dá pra usar isso pra mostrar trabalho em equipe e criatividade.

  — Concordo. — Mai disse, assentindo. — Dá pra criar algo realmente legal com essa ideia.

  Enquanto eles discutiam a sala interativa e o café temático, Akira n?o perdeu a oportunidade de dar sua última palavra.

  — Tudo bem, tudo bem, isso tudo é legal e tal… — Ele fez uma pausa dramática antes de continuar. — Mas ainda acho que um Maid Café devia ficar no topo da lista. Só pra constar, sabe.

  O clima leve e as brincadeiras tornavam a pausa muito mais agradável, ajudando a aliviar um pouco a press?o das provas finais. E mesmo com as ideias... malucas de Akira e Seiji, n?o pude evitar um sorriso ao perceber como o Festival Escolar era capaz de trazer uma energia diferente para todos nós.

  Quando voltamos ao estudo, as coisas come?aram a fluir com mais facilidade. Revisamos inglês e história, e todos nós conseguimos acompanhar as explica??es de Rintarou sem muitas dificuldades — o que, para o nosso grupo, já era uma pequena vitória.

  — Bom, acho que conseguimos cobrir bastante coisa hoje. — Rintarou anunciou, fechando seu caderno com um leve estalo antes de se recostar na cadeira, parecendo satisfeito.

  — Gra?as ao Rintarou e também ao Shin, que resolveu virar gênio do nada. — Kaori brincou, cutucando meu bra?o com um sorriso travesso.

  — é sério, Shin, você tá surpreendendo hoje. — Seiji comentou, dando uma leve risada enquanto estalava os dedos, como se estivesse se alongando depois de tanto esfor?o.

  — Valeu, Rintarou! Shin também! — Takeshi acrescentou, levantando a m?o para um "high five", que eu retribuí meio sem jeito.

  — Ah… só fiz o que pude — respondi, desviando o olhar enquanto sentia minhas bochechas esquentarem levemente com os elogios.

  — Ent?o continue fazendo o que puder. — Mai disse, piscando de maneira encorajadora. — A gente ainda tem alguns dias de estudo pela frente.

  As risadas e os sorrisos ao redor da mesa fizeram o momento parecer mais leve, mesmo em meio à press?o das provas. Aos poucos, todos come?aram a guardar seus materiais, as conversas se transformando em planos descontraídos para o restante da semana.

  Quando finalmente nos despedimos, cada um seguiu seu caminho. A brisa fresca do final da tarde me envolveu enquanto eu caminhava para casa, o barulho suave dos passos quebrando o silêncio das ruas tranquilas.

  Minha mente, no entanto, estava distante, presa em pensamentos.

  Lembrei-me dos momentos no café, dos rostos concentrados e das risadas que surgiam inesperadamente. Era bom estar ali, ajudando e aprendendo ao mesmo tempo.

  Mesmo com os desafios, aquelas sensa??es eram algo que eu n?o trocaria por nada.

  E ent?o, claro, meu pensamento voltou para Yuki. Sua paciência ao explicar as coisas e a maneira como ela fazia parecer t?o simples… O dia anterior ainda ecoava em minha mente, e eu sabia que parte do que eu tinha conseguido ensinar durante o estudo, vinha do que ela havia me mostrado.

  Eu pensava em como o estudo em grupo tinha sido produtivo e no quanto tinha me sentido bem ajudando os outros. A confian?a que Yuki me passou parecia ter se estendido de um jeito que eu n?o esperava.

  Mas, embora as provas finais fossem o foco imediato, outra preocupa??o se infiltrava nos meus pensamentos: os refinamentos que Shihei havia sugerido para a minha história. Aquele manuscrito era mais do que apenas palavras no papel; era uma chance, talvez única, de transformar meu sonho em algo concreto.

  Eu sabia que, assim que as provas terminassem, precisaria mergulhar de cabe?a nisso. Revisar, ajustar, polir cada detalhe. A ideia era t?o empolgante quanto assustadora, mas, pela primeira vez, eu sentia que estava pronto para enfrentar o desafio.

  Respirei fundo, ajustando a al?a da mochila sobre o ombro. A brisa da noite tocava meu rosto, e o som distante da cidade se misturava ao ritmo constante dos meus passos. Um pequeno sorriso surgiu nos meus lábios enquanto olhava para o céu cheio de estrelas.

  Aos poucos, tudo parecia estar se encaixando. Mesmo com os desafios e incertezas, eu sentia que estava no caminho certo.

  Com essa determina??o firme no peito, continuei caminhando para casa, mais confiante do que nunca no que estava por vir no dia seguinte.

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