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UMA DEMIANA E UMA JUGUENA

  Liga??es que se estendem, que se tocam, que se procuram pelo tempo ou se fazem, novas que s?o. Vida, vida que se procura, que cresce quando se encontra.

  Miguel a seguia de longe, quando percebeu o pulso de energia mais ao norte, perto das Montanhas Frias.

  - A juguena – reconheceu seu lugar tenente, atento às montanhas distantes. – Possibilidades?

  - Eu acho que sim – sussurrou Miguel, atento ao caminho que a demiana seguia pelo céu. Ela iria passar perto, mas n?o perto o suficiente para que pudessem as duas ter conhecimento uma da outra.

  - Pode ser um risco. A juguena ainda n?o está pronta – alertou o tenente.

  - Talvez nunca esteja, meu irm?o, a n?o ser que providenciemos isso. Ent?o, acho que está na hora de uma pequena providência – falou, o ar pensativo. – Vá e diminua um pouco o arco de aten??o da nossa amiga dêmona – despediu o amigo.

  Assim que Miguel percebeu que o arco de aten??o da juguena estava sutilmente diminuído, Miguel deu um toque rápido e suave na mente de Arael.

  Arael percebeu um pequeno pulso de energia ao longe, para os lados das Montanhas Frias.

  Em resposta ao toque ela aliviou o voo e pendeu um pouco seu caminho para aqueles lugares. Ficou intrigada: era claramente um pulso escuro, mas que parecia confuso, como se houvesse uma luz boiando naquelas sombras. Com bastante cuidado estendeu sua energia para alguns cristais que estavam ao lado, encravados na face da montanha, próximo à estranha figura.

  Seu corpo se arrepiou ao ver o que era aquele ser. Era um ser de grande poder, escuro, raro. Rapidamente ocultou ainda mais sua energia, se preparando para se bater com aquele ser.

  Sorrateira foi se aproximando pelo lado oposto da face da montanha onde a criatura estava alojada. Porém, quanto mais se aproximava, mais sua vontade de enfrentamento amainava. Ficou curiosa com a sua própria rea??o. Aquela era uma juguena, reconheceu em suas velhas memórias, e era ainda mais rara, por ser uma dêmona. E ainda havia aquelas pequenas mechas de luz que podia sentir naquelas sombras que insistiam em lhe dizer que aquele ser n?o era tudo o que aparentava.

  Resolveu se arriscar.

  II

  LuaEscura sentiu como que um baque ao ver a figura se elevar suave sobre os picos das montanhas mais para o Sul da sua posi??o. E viu que aquela figura estava atenta a ela.

  Ao sentir o pulso daquela energia teve a certeza de que se tratava de uma demiana guerreira.

  Devagar se ergueu, mostrando à demiana que já a havia percebido.

  Como precau??o estendeu alguns milímetros suas farpas, como resposta à m?o da demiana que se aproximava, apoiada no cabo da espada.

  - O que viu que a modificou? – Arael perguntou, assim que se aproximou o suficiente, flutuando à frente da face da montanha gelada.

  - Por que pergunta isso? – estranhou.

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  - Você n?o se poderou...

  - E nem você, e nem mesmo sacou completamente a espada. O que te segura pode ser o mesmo que me segura – cismou, sondando a demiana, suas vestes e cabelos de fogo se revolvendo na tempestade que se batia contra a montanha.

  - N?o entendo por quê. Sinto seu dem?nio, mas sinto algo mais que n?o consigo definir.

  - Entendo. Sabe, também sinto que algo está acontecendo, empurrando, exigindo – reclamou, sondando bem mais além da montanha e a toda a sua volta.

  - Por que diz isso, dêmona? – Arael estranhou.

  - é estranho, mas venho observando há algum tempo que há pessoas e seres que est?o se colocando em meu caminho, como se assim fossem postos.

  Arael sentiu algo escorrendo em seu cora??o, e viu raz?o no que a outra dissera. Sentira algo estranho, ao perceber a figura da dêmona na encosta da montanha.

  > Vejo que está sentindo o mesmo que eu, demiana – reconheceu os sinais no ser que flutuava à sua frente, acima dos imensos precipícios. Como amostra de boas inten??es recolheu suas farpas. Com uma pequena satisfa??o viu a demiana tirar a m?o da espada, deixando-a pendente ao lado do corpo.

  - Agora que falou, vejo que há verdade nisso. Acho que também senti o mesmo. Mas sabe de uma coisa? Pode ser interessante – sorriu se aproximando. – Eu me chamo Arael, e sou uma caída.

  - E eu sou LuaEscura, e sou uma dahrar, uma juguena.

  - Estranho, mas eu achei que te conhecia – falou a juguena se sentando sobre uma pedra, o que a ocultava um pouco da tempestade.

  - Eu também... Pelas memórias que tenho acho que já nos batemos em algum momento.

  A juguena abriu os olhos, surpresa.

  - Ora, eu te conhe?o. Onde está árgrila? – reconheceu de súbito a bela figura. – Sei que você é outra, que ocupa o corpo dela. Você é uma entrante, é isso?

  - Sim, sou uma entrante – confirmou, tomando assento em uma outra pedra, também ao resguardo da tempestade.

  Arael, vendo o silêncio cheio de perguntas de LuaEscura, n?o conseguiu n?o sorrir.

  > Eu era éfrera. Ainda n?o tenho todas as suas memórias, mas estou come?ando a me lembrar.

  - éfrera... Ah... – murmurou LuaEscura, se voltando definitivamente para Arael. – Há muitas estórias sobre éfrera, e s?o todas muito honrosas.

  - Obrigada – murmurou Arael, também fazendo frente para LuaEscura, totalmente curiosa sobre a outra. – Pelas memórias de árgrila, acho que nos batemos acho que umas duas vezes. é isso?

  - Sim... – sorriu LuaEscura. - Tenho marcas desses confrontos. N?o s?o fáceis de se ver, porque n?o tenho um corpo como o seu.

  - Mas as minhas s?o fáceis – sorriu Arael levantando o lado esquerdo da roupa, mostrando a cintura, onde se podia ver uma cicatriz quase indelével de um grande ferimento.

  - é... desse eu me lembro – riu LuaEscura mostrando o rosto feliz e luminoso.

  Arael achou a risada estranha, como rochas explodindo para baixo de uma montanha. Era estranha aquela risada, até mesmo sombria, mas via que era surpreendentemente tocada de luz.

  > E, no seu ombro direito deve ter uma outra. Eu tenho três marcas de espada.

  Com desenvoltura Arael viu a dêmona abrir suas sombras no lado direito. Perto do seio se via uma cicatriz. Era larga e parecia ser profunda. Era um pouco difícil de ver, porque as neblinas n?o paravam de se revolver.

  - Sim, agora a memória de árgrila se mostrou. Foi uma bela batalha. Dura, forte, poderosa, mas bela.

  - Foi sim, Arael. Foi uma bela batalha. Ouvi sobre você enquanto éfrera, que ca?ava um dem?nio solitário. Ent?o era você que ca?ava o velho Mercator? é verdade?

  - Sim, foi assim mesmo no come?o. Mas, ... Algo mudou quando nos encontramos.

  - Ouvi isso também... Vocês se tornaram amigos.

  - Pois é. Estranho, n?o é? Parece que estou sendo atraída para os dem?nios – sorriu.

  - E eu, pelos que gostam mais da luz – suspirou. – Mas, demiana, estou aprendendo algo estranho. é frágil ainda, mas eu percebo, de quando em quando, que luz e escurid?o s?o ilus?es. Tudo é apenas resultado de escolhas, mas sinto que até mesmo elas s?o ilus?es. N?o é estranho?

  Arael prestou mais aten??o em LuaEscura, os olhos em fresta, os pensamentos se alongando.

  - Até que n?o, LuaEscura. Talvez isso aconte?a apenas porque estamos evoluindo. Fique em paz – cumprimentou se levantando, olhando para os vales que se estendiam bem abaixo, nas vertentes das montanhas. Lá parecia que a tempestade n?o corria. – Tendavar, LuaEscura.

  LuaEscura ficou observando Arael, cismando que realmente as coisas estavam muito estranhas. Nem mesmo se surpreendia que ela, uma dêmona, fosse cumprimentada como luz.

  - Tendavar, Arael. Que nossos caminhos se cruzem novamente. Vai ser bom... – soprou na esteira do vento que a demiana se preparava para tomar.

  - Vai sim, LuaEscura – sorriu se elevando rápido contra o céu azul, e segundos depois, tomada de energia, despencando dele em alta velocidade em dire??o aos vales abaixo. LuaEscura n?o pode deixar de sorrir quando ouviu um grito alegre da demiana, repleta de energia e luz enquanto caia do céu.

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