Vi a alma de vocês, e n?o vi bem o que as move. Talvez mere?am continuar, porque me permitiram continuar o meu caminho.
Uivo ficou parado, observando a mulher à sua frente. Balan?ou a cabe?a desconsolado ao confirmar que se tratava da mesma bruxa que vira alguns dias atrás. Ela parecia curiosa, mas mostrava a mesma arrogancia e o mesmo desprezo de antes.
- Está bem... Ent?o esse é o seu território. é por isso que a gente fica se esbarrando tanto, é isso?
- Sim e n?o, ser estranho. Aqui realmente é onde eu e minha família habitamos, mas isso n?o nos pertence, porque aqui tudo é a m?e terra. E quanto a nós n?o estamos nos esbarrando. Eu o tenho observado, porque fiquei curiosa quanto a você.
- Ora, ora... N?o sei se eu devia me sentir...
Uivo sentiu num estilha?o o ataque.
Em uma rea??o se fez dem?nio, porque aquele n?o era um ataque comum, mas um ataque negro, extremamente perigoso. Duvidava que, se n?o estivesse um pouco desperto como dem?nio, poderia sobreviver a eles. Eram dois bruxos que o haviam cercado, uma mulher e um rapaz, que se aproveitaram da distra??o que a que conhecera providenciara. E agora estavam os três posicionados, trabalhando contra ele.
Num exame rápido viu que haviam usado algum feiti?o de invisibilidade, e que ainda tentavam tocar sua mente, para distraí-lo enquanto se aproximavam.
Num movimento súbito, sabendo que teria pouco tempo, identificou o ponto mais importante daquelas personagens, e atacou.
O rapaz se dobrou de agonia quando Uivo o atingiu e o segurou com extrema violência contra um grosso tronco de árvore musgosa.
Como dedos as palavras das bruxas tentavam atingi-lo, mas Uivo se fechou ainda mais em uma coura?a escura que invocou, for?ando mais sua escurid?o bem próxima do bruxo.
Ent?o as duas mulheres se afastaram depressa, como um pedido de trégua, frente à terrível amea?a que Uivo havia anunciado contra o jovem bruxo que capturara, ao encostar em sua alma a escurid?o invocada.
Fazendo da escurid?o garras longas, como um trapo pegou o rapaz e o levantou à frente das mulheres, que gemeram ao ver a ruína que o rapaz mostrava.
- Por favor, senhor, é o meu filho – suplicou a mulher mais velha, as m?os esticadas em sua dire??o, as palmas para cima. - Nós só tínhamos curiosidade e...
- Mentiras e engana??es – Uivo rugiu baixinho e controlado, deixando transparecer claramente a amea?a em cada letra. – Vejo seus cora??es. N?o julguem indecis?o como fraqueza, porque é fácil decidir sobre quem ataca – falou para horror das bruxas, que se encolheram ao ver as garras se fechando um pouco mais sobre o jovem, que se contorceu debilmente.
Ent?o, com desprezo, Uivo o lan?ou aos pés delas.
Enquanto se agachavam para examiná-lo, Uivo já estava bem à frente deles, imenso, a neblina se revolvendo amea?adora, pensativa sobre o que deveria fazer com eles.
E elas perceberam a indecis?o dele. Em total silencio, tendo o cuidado de n?o o encarar, puxaram suavemente o rapaz, afastando-se dois passos para longe dele.
Mas esse movimento carregou algo em Uivo, que pareceu se decidir sobre eles.
Quando se aproximou o suficiente ele notou uma presen?a ao lado. Tenso, ficou aguardando, pois sabia bem quem era.
> LuaEscura.... Veio participar do que reservo para esses três bruxos?
- Uivo, Uivo, eu conhe?o esses bruxos aí – ela falou, vendo que o rapaz já mostrava sinais de estar se recompondo, surgindo ao seu lado, os modos tranquilos. Com desdém passou os olhos pelas três pessoas agachadas, uma abra?ada à outra. – Eles n?o s?o os “maus” que entende. Sinta-os e verá que estou certa. Mas, o que o fez se decidir em matá-los? – perguntou vendo o olhar de desafio na bruxa mais jovem, que n?o arredava os olhos de Uivo.
- Porque era o que desejavam para mim. Por que devo deixar que continuem vivos para tentar outra vez?
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- Acho que n?o v?o tentar mais. Eles recuaram quando viram que você n?o estava criando medo para eles se divertirem. Você já adquiriu o respeito deles, e o medo também, ao menos de da m?e e do jovem - sorriu. – Mas, você pode fazê-los escravos – sugeriu, girando no ar em torno dos bruxos.
- Melhor me matar, se pensa realmente em me tornar escrava – falou a menina se levantando, mostrando os olhos furiosos de indigna??o e raiva. Ent?o, sem perda de tempo invocou poderes e confrontou os dois dem?nios.
A m?e ergueu a cabe?a e come?ou a recitar conjura??es e maldi??es, enquanto Túnis, ainda fraco pelo ataque sofrido, se esfor?ou em ficar um pouco desperto, juntando suas parcas for?as às energias das duas, a sua mente revolvendo a energia do ar.
- Acho que n?o deviam ter feito isso – riu LuaEscura vendo Uivo tornar mais forte sua prote??o, tal como ela fazia.
Para horror de Túnis e Trília, num movimento súbito Uivo avan?ou o bra?o e segurou a cabe?a da m?e entre as garras. A mulher gritou de dor e quase desfaleceu ao ser assim atingida. Túnis, assombrado com tamanho poder e ante a possível perda da m?e, calou suas for?as e olhou suplicante para Uivo.
- Aceitamos o que for, mas deixe nossa m?e em paz – pediu.
Uivo o observou por um momento, e por fim soltou a mulher, que desabou no ch?o como um saco de pedras, sendo rapidamente amparada e cuidada pelos dois filhos.
- Nunca serei escrava – rugiu Trília baixinho, sob o olhar divertido de LuaEscura.
- Pois sou eu que n?o quero escravos, n?o quero penduricalhos – falou suavizando seu empoderamento como dem?nio. – V?o embora – ordenou. – Além disso, vejo valor em vocês. N?o lhes quero mal.
Trília o observou com curiosidade, diminuindo a energia com que tentava se cercar.
- Fiquei curiosa quando do nosso primeiro encontro, e agora vejo que eu estava certa. N?o quero ser contra você, ou vocês – falou se dirigindo também para LuaEscura.
- Que fofo – LuaEscura riu. – Ela n?o está mentindo, e n?o está com medo – observou divertida. - Acho que ela está oferecendo alian?a... – falou, os olhos examinando a aura de Trília.
- Sou forte e muito poderosa e...
- é fraca – falou Uivo com indiferen?a.
- Por agora, mas eu estou aprendendo, e logo serei muito poderosa – reclamou, vendo sua família se perfilar ao seu lado. – Juntos nós somos poderosos – declarou.
Canvas, que ainda se refazia, se adiantou, o olhar mostrando nítido interesse nos dois dem?nios.
- Agora eu vejo... – gemeu tentando aliviar suas dores. - Ouvi estórias de uma juruparinah e de um dem?nio. S?o vocês... – falou surpresa, se voltando para os filhos. Ent?o encarou novamente os dois, maravilhada.
> A guerra? é sobre ela? é sobre o que ouvimos dos danatuás? – perguntou.
LuaEscura viu como a energia dos três havia subido com essa declara??o. Nitidamente era o que eles desejavam.
- Eu n?o, por enquanto – riu LuaEscura descendo e se posicionando ao lado de Uivo. – Mas ele sim, é um guerreiro danatuá, porque o cora??o e a vontade dele est?o num dos grupos de danatuá que se desloca.
- Sou Canvas, e estes s?o meus filhos, Túnis e Trília – apresentou.
Trília olhou revoltada para a m?e, e LuaEscura sorriu.
- Se tem tanto cuidado com nomes de poder, menina – falou, atenta à face da garota, - aconselho arrumar um outro, porque esse já é bem conhecido – sorriu para a menina, que mordia os lábios inferiores.
- Sem dúvida é o que eu vou fazer – ela murmurou.
- Bem, ent?o sei que iremos nos encontrar, porque também somos danatuás – declarou Túnis se recompondo em toda sua altura, tomado de energia. - Virá contra nós? – perguntou, franzindo os cenhos.
- N?o irei... Apenas v?o embora. Agora! – ordenou novamente, se voltando para encarar LuaEscura.
LuaEscura viu com prazer o filho examinar discretamente a m?e para saber se precisaria ajudá-la, se dando por satisfeito ao ver que ela já estava recuperada. Curioso examinou discretamente Uivo, percebendo que ele tivera muito cuidado em apenas lhes infringir dor, mas nenhum dano.
Sorriu agradecido.
A menina pareceu ter comungado o conhecimento com o irm?o, porque seu olhar estava mais tranquilo quando fixou Uivo por alguns segundos. Com majestade observou os dois, e os cumprimentou com um leve mover da cabe?a. Ent?o os três, lentamente, desapareceram na estrada.
- Você nunca teve inten??o de matá-los, e vi que eles também descobriram isso. Mas gostou de ver o medo neles, n?o gostou? Pode confessar, porque realmente estava muito gostosa a atmosfera em torno deles. Acho que eles nunca passaram tanto aperto assim.
- Se eu tivesse visto que n?o iriam me deixar em paz, ent?o é provável que eles n?o iriam sair daqui com vida. Já tenho inimigos demais – sorriu. – E você, o que a trouxe para estes lados?
- Ah, sei lá... Acho que vontade de conversar um pouco – sorriu também, se despoderando e se mostrando como juruparinah. – Mas, vem cá, você viu que a mais nova delas controlou bem o medo, n?o viu?
- Vi sim... Ela vai ser a mais forte deles, bem rápido. Ela vê mais aspectos da energia do que os outros.
- Tudo bem, tudo bem. Agora me fala a verdade. O que te segurou?
Uivo parou na estrada, observando o sorriso moleque na cara da juruparinah. Realmente, havia um enorme prazer ali. Ela queria ouvir a confiss?o de Uivo, e n?o iria desistir facilmente.
Uivo n?o pode deixar de sorrir mais abertamente.
- Eles nem sempre foram assim... – falou, agora totalmente pumacaya. – Quando me liguei na m?e e no filho vi que sofreram muitas persegui??es, muitas necessidades. O mundo n?o foi gentil com eles. Eles apenas usaram seus dons para se defenderem. E essa defesa até mesmo se parecendo com arrogancia, para manter os outros à distancia.
- Ah, eu sabia... E lá vem novamente esse cora??o. O que pretende fazer ent?o, cora??o mole? Vai procurá-los, n?o é mesmo?
- Sim... Eles têm poder, e uma guerra está para ser declarada. E eles precisam de uma família de verdade, nem que essa família seja uma família de guerreiras. N?o se disseram danatuás?
- Você está certo. Eu acho que uma família de guerreiros seria mais bem aceita por eles – LuaEscura sorriu, pensativa.
- Ent?o, quer ir junto, LuaEscura? – convidou.